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Resenha Crítica: A Cabana

Fiquei um bom tempo relutando em ler A Cabana (William P. Young), porque não sou muito do estilo de auto-ajuda. Mas de tanto ouvir por aí sobre sua trágica e sinistra história, acabei me rendendo para que pudesse tirar minha próprias conclusões. Antes de falar do livro, quero relembrar um pouco a sinopse ou mesmo situar o leitor.

Sinopse: Mack Allen Philips, um baita pai de família, humilde, mas cheios de mágoas do passado, tem sua vida destruída depois que sua filha caçula é raptada durante um acampamento em família, e posteriormente assassinada. Já revoltado com Deus por outras feridas nunca curadas, que adquiriu na infância, Mack decide nunca mais manter nenhuma relação com Ele, e faz um esforço imenso para nem mesmo acreditar em Sua existência. Apesar disso, respeita profundamente a fé de sua esposa por Deus, apelidado por ela de Papai.

Alimentando sentimentos de ódio, vingança, culpa e uma imensa dor pela ausência de sua filha, Mack recebe, quatro anos depois da tragédia, um bilhete em sua caixa de correio pedindo que voltasse à cabana onde foram encontradas as mais fortes evidências do assassinato de sua pequena Missy. O bilhete não tinha endereço de remetente, mas estava assinado como "Papai". Intrigado, Mack ajeita suas coisas e decide aceitar o convite e se aventurar a ir até o local indicado, embora convicto de que teria que enfrentar a lembrança do maior trauma de sua vida.

Chegando ao local, acontece o que, de fato, Mack imaginava. As lembranças daquele terrível dia voltaram à tona, e a dor ardeu no peito tão intensa quanto no dia em que encontrou as evidências do assassinato de Missy. Depois de adormecer, e revoltado pela "brincadeira de mau gosto" deixada na sua caixa de correio, Mack decide ir para casa, mas quando está prestes a pegar o caminho de volta, uma mudança drástica no ambiente invernoso faz com que ele recue e se pergunte se está sonhando. De volta à cabana, agora totalmente diferente e primaveril, Mack encontra três personagens estranhos para ele, mas que o conheciam muito bem. A partir daí, Mack recebe algumas lições inesquecíveis e vitalícias, que o ajudam a curar suas feridas.

Resenha: Como já havia dito, a história é chamativa, embora não seja recomendável para pais e mães. Mas sinceramente o enredo como um todo não passa de um clichê de auto-ajuda. Claro, como em todos os livros desse gênero, ensina lições muito valiosas aos leitores e os instiga à reflexão, mas não tem nada de tão diferente ou inovador. O autor e a Sextante, editora do livro, fazem uma apelação para que os leitores divulguem e espalhem o livro, como se ele fosse capaz de salvar a humanidade. Uma ideia bem interessante para estimular mais leituras, mas não me convenceu, porque o livro não me agradou muito, não!

Minha Nota: 6,0

Resenha Crítica: Infinito (Série Os Imortais)

Terminada a série Os Imortais. Sei que não deveria ter feito resenhas de uma série, especialmente, uma tão fraquinha, para começar o blog, já que ele é relativamente novo, tendo nascido há menos de um mês. Mas deixe-me explicar. É que eu já escrevo resenhas literárias há um bom tempo no blog que originou a página, e decidi que literatura merecia um blog só pra ela exatamente quando estava lendo esta série. Estou fazendo resenhas novas, mas também importando, aos poucos, as minhas resenhas mais antigas, oriundas do meu outro blog. Mas tudo bem, este post não é para justificar nada, mas sim para dar meu parecer sobre o último livro Infinito, que, adianto, compensou pela série inteira. Não esqueça de ler as sinopses dos volumes anteriores Para SempreLua AzulTerra de SombrasChama Negra e Estrela da Noite

Sinopse: Em Estrela da Noite, depois de Haven ter destruído a camisa de Roman, sendo a última esperança de Ever de conseguir reverter o feitiço de Damen, Ever acaba mandando-a para Shadowland. Ao final do livro, Ever vai novamente à parte sombria de Shadowland e conhece uma velha louca, que começa a cantar umas canções estranhas, com umas letras mais estranhas ainda. Ela fica intrigada e decide que deseja descobrir mais sobre o enigma por trás das canções dessa velha, porque acredita que é um carma pelo qual precisa passar. Damen, no entanto, tenta dissuadi-la dessa decisão, porque deduz que é muito perigoso. Mas acaba por aí.

Em Infinito, Ever convence Damen a fazer uma jornada pela parte mais sombria de Shadowland, depois de ter sido desafiada pela velha louca, que passou a chamá-la de Adelina. Nome estranho, já que em nenhuma de suas vidas passadas, Ever teve esse nome. Mas quando Ever vai a fundo nessa jornada, acaba descobrindo que, sim, Adelina foi a primeira personagem de suas vidas passadas, aquela que iniciou tudo. Foi antes da imortalidade de Damen, a primeira vez em que Ever morreu e deixou Damen, que se chamava Alrik, sem saída, sem saber como viver sem seu grande amor. Lá, ela descobriu que Drina foi sua prima, que estava prometida a Damen, e matou Adelina, porque descobriu que Alrik se casaria com ela às escondidas. Sua relação com Jude, Haven e até Miles também são descritas nessa "viagem". Depois de Ever, Damen e Jude conhecerem o início de tudo, são levado a uma parte de Shadowland onde encontram todos aqueles que foram mandados pra lá. E conhecem a chave para libertá-los. Todos se perdoam (que lindo). Mas as coisas não terminam por aí, porque depois disso, a velha, que se chama Lótus, faz uma grande revelação, a imortalidade física pode ser revertida, bastando que Ever, que (pasmem) é a salvadora dos imortais, encontre a Árvore da Vida, uma árvore que frutifica a cada mil anos, e coma desse fruto. Quer dizer, qualquer imortal pode encontrar a árvore e comer do fruto, mas Ever é a grande altruísta que seria capaz de dividir o fruto com os outros imortais. Essa viagem ela faz sozinha, e depois de ter passado por muitos obstáculos, quando está prestes a chegar na árvore, encontra alguns imortais, discípulos de Roman, que já apareceram nos volumes anteriores, que armam uma tremenda emboscada. Será que, afinal, Ever realmente consegue atingir seu objetivo e voltar para sempre para os braços de seu eterno amor?

Crítica: Estou preparando uma crítica em vídeo para esta série, por isso quero deixar minha opinião somente sobre este livro. Como adiantei no início do post, este foi o único livro que valeu a pena. Para começar, não sou muito fã de livro YA, porque acredito que eles se limitam demais a romance, desejos sexuais e manias de adolescentes. Nada contra a quem gosta. Mas foi em Infinito que o discurso mudou um pouco, já que Ever passou a buscar por algo muito mais grandioso do que simplesmente o antídoto que permitiria que ela e Damen se tocassem. Ela passou a se preocupar com outros aspectos em sua vida, as coisas duradouras, e considerei bacana essa mudança de foco da autora. Além disso, houve bastante ação e a leitura foi muito gostosa. Gostei muito de Infinito, foi um ótimo desfecho e salvou todos os deslizes da série, sobre os quais falarei em vídeo.

Minha Nota: 8,0

Resenha Crítica: Destino

Uma das grandes dádivas do ser humano é o livre-arbítrio. Por isso, eu realmente não acredito em destino. O que imagino que possa acontecer é a nossa vida estar um pouco alinhavada, ou seja, as opções estão postas à nossa frente, mas a escolha sempre será nossa. É essa a discussão que é alimentada durante todo o o livro Destino, de Ally Condie, cujo enredo resume um mundo em que a vida toda, até o último suspiro das pessoas, é controlada por um bando de poderosos que dita a rotina e até mesmo o par "perfeito" para cada membro da sociedade.

Sinopse: E nesse contexto vive Cassia Reyes, uma adolescente que está prestes a conhecer seu par, o homem com quem vai dividir a vida, e que Cassia vai ser obrigada a amar, já que suas escolhas e preferências indicaram perfeitamente qual homem seria o ideal para ela. Para a maioria das garotas dessa Sociedade, os pares são rapazes desconhecidos, mas ainda assim, adequados de acordo com a personalidade de cada moça. Cassia, no entanto, é uma das raras exceções, e fica extasiada, pois quando o grande telão anuncia seu nome para apresentar seu par, um rosto muito familiar aparece. A alegria é substituída horas depois por uma grande dúvida, quando Cassia vai conhecer a fundo seu par por intermédio de um dispositivo, como se fosse um DVD, que resume as características de seu par. Um pequeno erro apresenta rapidamente o rosto de outra pessoa na tela. Intrigada e confusa com o equívoco, já que o outro rosto também é familiar, Cassia começa a pensar demais no que poderia ter ocasionado o erro, já que a Sociedade "nunca" erra. Mas além de ficar muito encucada com essa falha, Cassia passa também a manter a cabeça ocupada demais com o rosto que viu aparecer rapidamente na tela. Esse pequeno deslize muda todo o contexto da vida de Cassia, e faz com que ela pare de engolir mastigadas as regras da Sociedade.

Crítica: A história me fez refletir um pouco sobre o contexto que está nas entrelinhas. Cassia começa a questionar tudo, e perceber que existe uma manipulação em massa feita pela sociedade. Mas em determinados momentos, a narrativa dá a entender que mesmo esses questionamentos e até a rebeldia de Cassia foi proposital. Daí me pergunto se não há uma comparação discreta com nossa própria sociedade. Toda nossa vida está em nosso controle, ou mesmo com muito conhecimento e senso crítico, ainda estamos seguindo as ordens impostas pela sociedade, e pela mídia, que para mim é a grande manipuladora?

O livro tem uma história bem interessante, mas poderia ter provocado mais emoção. O contexto é bacana, estimula a reflexão, porém, fica muito morno durante a maior parte do tempo. Não há muita adrenalina, nem faz o leitor grudar os olhos na leitura e ter muito desejo de saber o desfecho. Além disso, tem muito clichê. Para variar, Cassia é uma menina relativamente comum, mas inteligente, equilibrada, que supera suas colegas. E embora não dê muita ênfase, tem uma loira perfeita, mas patricinha, que ameaça o romance de Cassia. Coisinhas que já encheram um pouco. Mas dá para o gasto, de qualquer forma.

Minha Nota: 7,0

Resenha Crítica: Estrela da Noite (Série Os Imortais)

Falei no post anterior sobre a série Os Imortais, que o enredo dava uma boa melhorada depois do quarto livro. E depois de ter finalizado a série, confirmo: de fato a história de Ever e Damen deu uma grande reviravolta e me surpreendeu, especialmente no sexto livro. Mas vou falar hoje sobre o 5° volume, Estrela da Noite. Para isso, repito o que já disse nos posts anteriores, espero que você já tenha lido os livros Para SempreLua AzulTerra de Sombras e Chama Negra porque, como se trata de uma série, preciso fazer spoiler, não tenho escolha.

Sinopse: Em Chama Negra, a esperta da Ever acaba, finalmente, aprendendo a ter um discernimento um pouco melhor. E é no final do volume que ela demonstra isso, quando vai até Roman, apesar de seu forte  desejo, e consegue ter uma ótima conversa com ele, quase formando uma amizade. Exageros à parte, Ever torna-se, de repente, não tão de repente porque Ava a ajuda, mas ela fica tão sábia que aprende como lidar exatamente com Roman, a ponto de quase convencê-lo a lhe dar o antídoto para o problema de Damen. Isso porque, Ever o leva a conhecer as profundezas de Shadowland e a quase ver novamente sua tão amada Drina, a quem Ever matou no primeiro volume Para Sempre. Mas quando ela estava prestes a conseguir tudo isso, Jude entra no quarto, atinge Roman em seu chacra sensível e o manda para Shadowland. O antídoto vai junto para o espaço, porque se quebra no bolso da camisa de Roman, quando ele se transforma em pó (tem isso também). Para piorar um  pouquinho, Haven chega na casa e presencia o final da cena, deduzindo, então, que a responsável pela morte de Roman é Ever, passando, depois disso, a jurar vingança.

Em Estrela da Noite, Haven passa a ser a figura pública da escola, tão popular quanto Roman no segundo volume Lua Azul, mas mais do que popular, ela se torna medonha, assustadora e violenta. E para piorar, Ever descobre algo de uma de suas vidas passadas que ela ainda não havia descoberto antes. Não mencionei nas resenhas anteriores que Ever já teve várias vidas, e em todas elas Damen a procurou, mas Drina a matava logo depois que Damen a encontrava. Ela era bem diferente em cada uma dessas vidas, somente seus olhos denotavam que era o mesmo espírito, o espírito de Ever. Então, neste volume, ela acaba descobrindo que Damen fez algo decepcionante em sua última vida, quando ela era escrava, o que fez com que Ever questionasse a bondade de Damen, e até mesmo seu amor por ele. É nesse livro que Ever beija Jude, em meio a seus tormentos sentimentais. Mas quando chega a hora do acerto de contas com Haven, algo extraordinário acontece, Ever vai parar em Shadowland por um certo tempo e lá acaba tendo certeza de que Damen é, sim, o garoto incrível por quem ela se apaixonou desde o início. Uma mancha de café na camisa de Jude faz Ever perceber que pode conseguir o antídoto se pegar de volta a camisa de Roman, que, obviamente, está em posse de Haven. Mas e será que ela seria capaz de mandar Haven para Shadowland com um objetivo tão egoísta?

Crítica: A partir desse livro, a leitura se tornou bem mais agradável, confesso. Não sei se foi estratégico ou não, mas a autora baniu um pouco essa lenga lenga de menina inocente e super protegida pelo namorado dos volumes anteriores. E o fato de Ever ter se tornado um pouco mais esperta acabou me deixando menos irritada com o enredo. Por isso, posso dizer que a série deu uma progredida considerável. Ainda não ficou magnífica, mas deu uma boa melhorada.

Minha Nota: 7,0

Resenha Crítica: Chama Negra (Série Os Imortais)

O chato de se ler série e depois resenhá-la é que você acaba deixando de ler outros livros por um tempo um tanto longo. Embora Os Imortais seja de leitura super rápida, estou me enrolando um pouco para deixar meu parecer aqui porque tenho um rapazinho de quatro meses, meu principezinho, que precisa muuuito de mim. Mas a esta altura do campeonato estou no último livro. Então, vamos à continuidade. Para ler este post, o ideal é que você já tenha lido os primeiros três livros, Para Sempre, Lua Azul e Terra de Sombras, porque sou obrigada a fazer spoiler.

Sinopse: Em Terra de Sombras, volume anterior da série, Ever faz mais algumas besteiras. Já havia comentado que a espertona passou a mexer com magia negra, mesmo sob o protesto de Damen e dos seus amigos, mas vindo da expert em ter péssimo discernimento, o que você acha que aconteceu? É claro que ela achou, como sempre, que sua decisão seria inofensiva e daria certo, então, ignorou todo mundo e decidiu ir a fundo nos seus planos. Com o objetivo de fazer Roman lhe entregar o antídoto, Ever fez um ritual para aproximá-lo e obedecer a suas ordens, mas a magia deu totalmente errada e ao contrário, ela é que ficou amarrada a Roman. Ao final do livro, Roman fez um jogo de chantagem para Ever, e a obrigou a decidir entre salvar a vida de Haven, e com isso deixar de ganhar o antídoto para o problema de Damen ou finalmente recebê-lo, mas deixar sua melhor amiga morrer. Damen e Ava imploram para que Ever deixe que Haven morra, porque o único destino dela se for transformada em imortal e posteriormente acertada em seu chacra sensível (não lembro como se diz) será o de ser mandada às profundezas de Shadowland. Ou seja, a morte é a melhor saída, caso contrário, Haven correria o risco de passar toda a eternidade caindo na escuridão total. O que você acha que Ever faz? Claro, transformou sua melhor amiga em imortal.

Já em Chama Negra, Haven passa a mostrar seu lado negro, envolve-se com Roman e passa a ser exatamente como as meninas que tanto despreza, como a patricinha e super popular Stacia. Já Ever precisa lutar contra as terríveis consequências por ter mexido com magia negra. Agora, tudo o que fez de mal volta para ela como carma três vezes. Um desses carmas é ter que lutar contra um desejo incontrolável que adquiriu por Roman, porque só a mera aproximação do rapaz, já faz Ever perder totalmente o controle. Esse desejo Ever apelidou de chama negra. Mas é nesse livro que, finalmente, Ever aprende como controlar seus impulsos e a ter um pouco mais de discernimento. Por isso, no final do livro, ela acaba fazendo uma escolha super sensata que quase a leva a conseguir seu tão desejado antídoto que permitiria que ela e Damen finalmente ficassem juntos plenamente. Eu disse quase.

Crítica: Na resenha do livro anterior, comentei que as coisas melhoravam bastante nos livros seguintes. E confesso que quase até o fim de Chama Negra eu ainda estava bastante desanimada. Mas é no final deste volume que a chapa esquenta de verdade, por isso, a leitura fica bem bacana depois dela. O fato de Ever ter aprendido a ter um discernimento um pouco melhor ajuda a fazer com que a indignação do leitor seja amenizada um pouco, porque como Ever é cabeça dura. Não sei se é pior o fato de Ever ser tão estúpida ou de Damen passar a mão na cabeça dela o tempo todo. De qualquer modo, depois disso, a leitura progride bastante, por isso, vale a pena.

Minha Nota: 7,0

Resenha Crítica: Terra de Sombras (Série Os Imortais)

Estava analisando as datas em que os livros da série Os Imortais, de Alyson Noël, foram publicados e percebi que os seis volumes tiveram lançamento em 2010 (os três primeiros) e 2011 (os três últimos), o que, presumo, tenha feito a autora se desdobrar em duas para conseguir não sucumbir (exagerada) à pressão e escrever toda a história, deixando todo o romance de Damen e Ever apresentável à editora e ao público. Sou um pouco contra pressões, especialmente quando envolve a criatividade, porque quando elas ocorrem, a obra de arte quase sempre acaba apresentando falhas que saltam aos olhos do público. Claro que estou tendo um visão subjetiva. Não é só porque seja difícil para mim escrever três livros em um ano, que também o será para outras pessoas. Enfim... Vamos à sinopse de Terra de Sombras, o terceiro livro da série. Veja os posts sobre os volumes anteriores: Para Sempre e Lua Azul.

Sinopse: No volume anterior, Lua Azul, Ever toma uma péssima decisão ao acreditar na pessoa errada. Então, em Terra de Sombras, por conta dessa escolha, Ever acaba melando o romance entre ela e Damen, já que um feitiço de Roman acaba impedindo que Ever troque qualquer célula de seu corpo com Damen, sob a pena de seu namorado ser destruído na hora. Então, os dois não podem mais nem ficar de mãos dadas, porque se isso acontecer, Damen é imediatamente destruído. Em meio a esse novo infortúnio, e enquanto procura uma maneira de resolvê-lo, Ever conhece Jude, um rapaz por quem tem uma forte atração imediata. E esse rapaz pode ser a ajuda da qual tanto precisam Ever e Damen, já que ele conhece os poderes da magia muito bem, e passa a ensinar Ever a lidar com ela. Além de tudo isso, Damen leva Ever a conhecer Shadowland, o lugar mais terrível e tenebroso possível... o lugar para onde vão as almas dos imortais caso eles sejam destruídos. A partir daí, Ever leva ainda mais a sério o feitiço de Roman, e desesperada, passa a mexer com magia negra, ignorando qualquer alerta de outras pessoas. As gêmeas Romy e Rayne tornam-se "filhas adotivas" de Damen, já que, devido à péssima escolha de Ever no volume anterior, elas não podem voltar ao plano de Summerland. Roman faz de tudo para se divertir às custas da desgraça do casal, e faz muitas chantagens, inclusive força Ever a escolher entre não conseguir o antídoto que permitirá que ela e Damen finalmente fiquem juntos ou salvar a vida de uma pessoa que ama muito.

Crítica: Se eu realmente não fosse determinada a jamais parar nada pela metade, teria encerrado minha leitura da série exatamente aqui, porque até então, não consegui sentir nenhum prazer em ler a história da irresistível Ever. O que teria sido uma péssima escolha, já que o enredo melhora consideravelmente nos livros posteriores. Mas falando especificamente deste volume, preciso dizer que a protagonista é muito, mas muito irritante mesmo. Claro que desde o início, Ever mostrou ser muito imatura, mas foi nesta altura do campeonato que ela deixou transparecer de todas as formas que tem grandes habilidades em fazer as piores escolhas. Ela foi avisada por todos o quão insensatas estavam sendo suas decisões, o que de nada adiantou, porque, mesmo depois de ter confiado em Roman e ter praticamente destruído qualquer chance de ter sua vida normalizada ao lado de Damen, ainda assim, preferiu ignorar todos os conselhos das pessoas que tanto se preocupam com ela e a amam, e, mais uma vez, caiu na lábia do seu inimigo mortal, fazendo, no final do volume, a pior escolha possível. Fiquei imaginando se essa terrível falta de discernimento de Ever perduraria até o fim da história, mas tenho muita alegria em dizer que não. Mas deixo meus comentários sobre os livros posteriores para mais tarde.

Minha Nota: 5,0

Resenha Crítica de Livro: Lua Azul (Série Os Imortais)

Estou preparando uma novidade, e agora que meu bebê já está maiorzinho, acho que conseguirei colocá-la em prática. Espero que consiga estreá-la com o término da série Os Imortais, que está na reta final. Não é tão novidade para muita gente que já é profissional, mas pra mim, sim. É um adendo aos meus temas do blog. Espero que dê certo e que vocês gostem. Hoje, vou dar continuidade à minha avaliação da série Os Imortais. Confira minha avaliação do primeiro livro, Para Sempre. E agora quero explanar minha opinião sobre o segundo, Lua Azul.

Sinopse: A adolescente Ever é agora uma imortal, como seu grande amor Damen, e depois de enfrentar muitos obstáculos, incluindo a tentativa de um inimigo de destruir a inocente mocinha, ambos estão livres para saborear para sempre todo o seu amor. Mas como esse é somente o segundo de uma série de seis livros, é claro que ainda tem muita coisa grossa pela frente. No livro Lua Azul, Damen é dominado por algum tipo de magia que faz com que ele aja de uma forma muito estranha. Essa estranheza começa justamente na noite em que Ever e Damen vão se amar como nunca, depois de seiscentos anos de espera. Depois dessa noite, Damen começa a agir como um típico mauricinho de segundo grau que só quer zoar com as gatinhas. Ever sabe que isso não é normal e começa a correr para descobrir o que está rolando, e tem certeza absoluta que esse feitiço está relacionado à presença de um novo colega de classe, Roman, que aparenta para todo mundo, ser o cara mais descolado e gente boa que existe, exceto para Ever, claro. Depois de muitas visitas a um lugar mágico chamado Summerland, Ever descobre que tudo pode ser revertido se ela fizer uma magia durante a Lua Azul, quando a lua se torna mítica. Mas isso acontece somente em um espaço de cinco anos, e ela está prestes a acontecer, então, será que Ever conseguirá correr contra o tempo para salvar seu grande amor desse mal que o está dominando? Para isso, ela precisará da ajuda das irmãs gêmeas, Riley e Romy, que se tornaram vitais para o progresso de Ever nessa nova vida, e também de Ava, uma médium que, mesmo a contragosto de Ever, acaba sendo uma peça essencial para desvendar os mistérios da dimensão espiritual. 

Crítica: Estou em dúvida se falo exatamente o que penso do livro com receio de melar meus outros posts, então, vou tentar amenizar meus comentários. Aparentemente, a autora Alyson Noël tentou inventar seis empecilhos diferentes para os seis volumes. Até aí tudo bem. O problema é aguentar Ever até lá.  Neste em particular, ela parece estar regredindo, ao invés de evoluir. E Damen, como um bom namorado loucamente apaixonado, deixa passar qualquer burrada da menina. A autora não quer que os pombinhos fiquem juntos de jeito nenhum, então, ela inventa mais uma desculpa para adiar a lua-de-mel dos apaixonados. Deu por aí. Vou dizer o que achei do terceiro livro logo no próximo post. Não quero dar muito parecer em um único volume, por isso, vou deixar para fazer uma crítica geral no livro Infinito, quando a história acabar de vez. Mas até esse segundo volume, o negócio não melhorou muito. Aliás, até desanimou um pouco. Até mais!

Minha Nota: 6,0

Resenha Crítica de Livro: Para Sempre (série Os Imortais)

Já mencionei em outro post que adquiri recentemente a coleção Os Imortais, aproveitando a baita promoção que o Submarino fez no Black Friday. Há rumores de que a série vai para os cinemas, então, para os fãs basta aguardar, porque, por enquanto, tal afirmativa carece de informações. A série é composta de seis volumes.

Sinopse: O primeiro volume, Para Sempre, narra a adolescência de Ever, uma linda garota que se esconde por baixo de moletons e capuz para esconder, não somente sua beleza, mas sua frustração por ter perdido seus pais e sua irmã em um acidente de carro, segundo ela, por sua própria culpa. E ainda mais, seus dons mediúnicos que a permitem ler pensamentos, e enxergar a aura das pessoas. Dons adquiridos depois do acidente, em uma espécie de choque pós-morte. Isso mesmo, porque Ever ficou a poucos passos de atravessar a "ponte" que a levaria para junto da família. Sozinha no mundo, Ever recebe a tutela de sua tia Sabine, uma mulher ricaça, mas solitária, que vive trabalhando e supre todas as necessidades materiais da sobrinha. Tendo como únicos amigos os "esquisitos", mas não sobrenaturais, Miles e Haven, e o espírito de sua irmã Riley, Ever se isola do mundo, fazendo todo o possível para ignorar seus dons e o mundo, até que conhece Damen, e sua vida passa a ter um novo sentido. Só que há algo muito estranho com Damen, que Ever não consegue entender, especialmente depois que acontecimentos inexplicáveis passam a fazer parte da realidade de Ever, e ela começa a achar que sua relação com ele é muito perigosa.

Crítica: Embora a autora do livro Alyson Noël faça algumas críticas implícitas sobre o quão manjada já está essa história de vampiros, a que ela criou não é tão nova, original e imprevisível como ela mesma acredita. É uma típica historinha de namoro de adolescentes, que supera qualquer amor existente no mundo e que tem uma rival no meio para atrapalhar. Embora ela tente fazer com que Ever seja mais madura, inteligente, incomum e anormalmente mais bela que seus colegas, a verdade é que o contexto já é bastante batido, e a menina é tão manhosa, carente e cheia de manias, como qualquer adolescente (sim, já fui assim também), ou qualquer outra história de amor juvenil. E para variar, o garotão é o grande protetor e responsável pela segurança da mocinha. E eles são os poucos seres no mundo capazes de se envolver com uma realidade sobrenatural. Apesar desses muitos clichês, o enredo é envolvente e muito bem escrito, especialmente da metade do livro para frente, quando começam a ocorrer algumas cenas de ação. O fim do primeiro volume, no entanto, foi bem meia-boca, e umas inclusões de lições de auto-ajuda deixaram a história bastante melosa. Creio que a autora poderia ter caprichado mais nas cenas de ação.

Minha Nota: 7,0

Resenha Crítica: Água para Elefantes

Apesar de ter sido lançado em 2009, o drama literário Água para Elefantes, de Sara Gruen, está agora, dois anos depois*, bombando entre os adolescentes, apesar de o conteúdo ser bastante adulto. O motivo, é claro, deve-se ao fato de Robert Pattinson ser o protagonista do roteiro adaptado para o cinema. De qualquer forma, a obra passa bem longe de ser uma mera historinha de jovens apaixonados. Está mais para uma lição, que ao mesmo tempo imprevisível, melancólica, envolvente e excitante, faz com que o leitor ora se sinta apaixonado pela vida, ora veja nela a pura injustiça do tempo.

Sinopse: Jacob é um quase veterinário que por pouco não se formou numa das mais renomadas universidades americanas, Universidade de Cornell. O garoto lindo, puro e inteligente de 23 anos, deixou as provas finais, que o tornariam um legítimo veterinário, depois que uma tragédia familiar o deixou incapacitado de viver sua vida normalmente. Na sua fuga destemida e desrumada, Jacob pulou para dentro de um trem que mudaria sua vida totalmente. Descobriu em poucos segundos, quando encontrou mais dois passageiros, que o trem levava toda a comitiva do circo Irmãos Benzini, O Maior Espetáculo da Terra. Algumas horas depois, Jacob já estava infiltrado no espetáculo, cuidando dos animais, e fazendo parte da "realeza" do grupo, já que um veterinário foi o que o dono do circo sempre sonhou em ter para que pudesse disputar por igual com seu maior concorrente, o circo dos irmãos Ringling.

Com sua visível força psicológica, Jacob enfrentou sem muito descontentamento, o jeito brutal de que foi tratado pelos seus colegas e patrões. Mas de tão amável, Jacob acabou conquistando a confiança de praticamente todos, inclusive de August, o tratador de animais, portador de um distúrbio psíquico, que num momento o deixava a pessoa mais doce do mundo, mas que diante de qualquer estresse se tornava descontrolado, agredindo qualquer um que cruzasse seu caminho. Casado com Marlena, um dos grandes espetáculos do circo, August tem consciência de que nada provocaria mais sua ira do que ver sua amada esposa nos braços de outro homem. E a mera desconfiança de uma traição de fato foi o clímax de toda a história, que deu ação ao drama e incrementou o romance entre Marlena e Jacob, que inicialmente não passava de olhares e palpitações cardíacas mais intensas ao se aproximarem.

Crítica: A obra é magnífica. Um tanto apelativa na minha opinião, vulgar demais, o que tirou um pouco do brilhantismo da história, mas o enredo de um modo geral é envolvente, criativo, dramático e com umas pitadas de comédia. Uma obra de arte de fato. O livro foi lido pelos membros do Clube do Livro de Tubarão. Além da obscenidade, não posso me queixar de nada. Acho emocionante os momentos da história que são intercalados por relatos de um Jacob velho, com seus 90 ou 93 anos, quando remexe no seu passado, e mostra claramente a mágoa que sente por ser velho e bastante desprezado pela família.

*Esta crítica foi escrita em 2011 neste endereço originalmente.

Minha Nota: 8,0

Resenha Crítica: O Caçador de Pipas

A grandiosidade da literatura está no fato de vivenciarmos a história como se ela fizesse parte de nossa vida. Não interessa qual seja o gênero, desde que seja interessante, nós colocamos as vestes dos personagens e nos prendemos de verdade ao enredo, temos a empatia necessária para tornar a história fantástica e fazermos dela um pedaço da nossa. Assisti ao filme Caçador de Pipas no cinema, ainda em 2008, e na época fiquei encantada e extremamente emocionada. Mas não se compara com o que senti recentemente quando li o livro. Muito mais recheado de detalhes, muito mais transponível para ensinar lições de vida, muito mais expressivo para fazer com que o leitor sinta verdadeira comoção pelos dramas dos personagens.

Diferentemente de histórias modistas, que são febres efêmeras, o livro continua procurado, atraindo e provocando discussões. É uma história triste, mas que argumenta dramas profundos da vida de qualquer pessoa. Já devo ter falado aqui a respeito do mal que causa para a saúde física, mental e espiritual a repressão dos sentimentos, ou seja, quanto mais negarmos o que sentimos e mais forçarmos a mudar uma situação, mais alimento nós damos para que ela se fortaleça. Nossa raiva, quando reprimida, cresce ainda mais. O mesmo se aplica à inveja, ao rancor, ou mesmo à paixão. Experimenta forçar seu coração a deixar de amar ou detestar alguém, e veja se esse sentimento não vai se tornar uma obsessão.

Sinopse: Mas chega de lengalenga. A história de O Caçador de Pipas, não só mostra profundamente os terrores por que passa o atual (desde a década de 70) povo afegão, com a miséria, as inúmeras guerras, torturas e repressões políticas. Mas também retrata o drama de um homem comum, Amir, que carrega dentro de si a culpa por, quando ainda na infância, não ter evitado a tortura contra seu melhor amigo, mesmo sabendo que poderia. E acima disso, cobra-se tanto que, mesmo depois de décadas, ainda se sente aprisionado por essa culpa. Além disso, Amir sentia-se rejeitado pelo pai que, somente no fim da vida, demonstrou orgulho pelo filho, por quem sentia certo desprezo, pelo fato de não ser o menino corajoso com o qual qualquer pai "sonharia". Após anos casado, bem sucedido na carreira de escritor, com a qual sempre sonhou, e finalmente tendo conseguido perdoar seu pai, Amir tem a oportunidade de restituir o erro e sentir a paz de espírito que havia anos não sentia, ou quem sabe nunca sentiu.

Crítica: História magnífica e surpreendente. Faz-nos sentir um pouco mais de gratidão pela vida e pelas pessoas próximas. Sem dúvida uma lição de vida, além de mostrar que é possível conseguir o perdão, restituir os erros e sobrepujar as fraquezas, mesmo que não seja da forma imediata que todos esperam. Pode demorar anos, mas de um coração bondoso e batalhador, surge a redenção.

Minha Nota: 9,0

Resenha Crítica: Anna e o Beijo Francês

Às vezes fico imaginando como será viver na França. Tanto se fala que duvido alguém que não queira conhecer todos os inúmeros pontos turísticos de lá e tudo o mais que essa cultura super sofisticada oferece. Mas existe algo a mais que supera todas as curiosas culturas e aventuras relacionadas à França: o romantismo da cidade mais linda do mundo, Paris. Não que eu tenha muito o que comprovar em relação ao ar de romantismo que Paris oferece, nem muitos conhecidos que possam falar a respeito, mas dos poucos que de fato já foram pra França, pelo menos 2/3 afirmam que Paris tem tudo para fazer com que os coraçõezinhos de qualquer um bata mais forte. E nem é necessário um cupido.

Foi o que aconteceu, por exemplo, com a super simpática Anna, no livro Anna e o Beijo Francês, depois que ela foi forçada pelo pai a estudar na França. Sim, forçada, porque ela queria mesmo era ficar em Atlanta, perto dos amigos, do namoradinho e levando a vidinha com a qual já estava bem acostumada. Quem não gostaria de ir pra França, não é mesmo? Anna não queria, mas pensando bem, nas circunstâncias que ela estava indo, nem eu iria gostar, afinal, uma coisa é o desejo de ir para a França e desfrutar da beleza de lá, outra é você nem pensar em ir pra algum lugar e de repente descobrir que tudo já está planejado para que você largue mão de sua rotina e fique por lá sem conhecer ninguém, e sem entender uma vírgula do que é dito. O caso é que Anna estava uma fera com o pai, um grande escritor americano, e não estava nem um pouco feliz com sua nova casa que ficava em Paris, na Escola de Americanos onde ela foi matriculada. Só que começou a mudar de ideia assim que conheceu algumas pessoas, como a Meredith, a Rashimi, o Josh e o... ahhhhhhhh... Étienne St. Clair, um americano, que morou uma boa parte de sua vida na Inglaterra, e agora está residindo em Paris. De cara uma sintonia amigável impressionante rola entre eles. Uma amizade bem colorida, diga-se de passagem. Anna começa a se acostumar com a vida na França de uma forma tão sútil, que só percebe sua paixão por Paris, quando volta para casa no Natal e vê que suas concepções mudaram de rumo totalmente, principalmente depois de achar que foi traída por sua amiga Bridgett. De qualquer modo, pôde comprovar o quanto se apaixonou por sua nova vida, por Paris e por St. Clair.

O desenrolar de toda a história não vou contar, porque apesar de ser clichê e você imaginar o que vai acontecer, o livro provoca expectativa e é super gostoso de ler. Tem muita gente que espera criatividade demais nas estórias, ou um enredo mirabolante, algo de outro mundo, sobrenatural, que é um estilo de leitura sensacional, mas não desmerece aquelas simples, como Anna e o Beijo Francês, que é nada mais que o comum, e que embora tenha saído da mente da autora, é quase um retrato do cotidiano de muita gente. Apesar de cada um ter um estilo de preferência literária, não é necessariamente o fato de o livro ser espetacularmente surpreendente e criativo que faz com que ele seja melhor que o outro, mas o amor e dedicação com que escreve o autor, objetivando principalmente agradar o público, e não o lucro, sucesso e o status. Daí, sim, de acordo com o gosto do público, o livro tem grande valor. Stephanie Perkins ganhou um ponto comigo, a autora me agradou muito com essa estreia.

Minha Nota: 9,0

Resenha Crítica: A menina que não sabia ler

O mundo literário está ficando cada vez mais rico e criativo, concorda? Isso é bom por vários motivos, primeiro, porque é sinal de que as pessoas estão dando mais valor à leitura, e, por conta disso, novos autores estão surgindo e nos abrilhantando com conhecimento e nos remetendo a um mundo completamente imaginário. Segundo, porque tanta concorrência obriga os escritores a serem mais criativos. Alguns não precisam de criatividade, pois já ganharam seu espaço e seus fãs, e por isso, muitas histórias acabam sendo bobinhas e sem muito conteúdo mesmo, mas outros, como John Harding, precisam botar a cabeça para funcionar a fim de ocupar seu espaço entre os grandes escritores. Mas tudo bem, porque quando a mente é brilhante de verdade, o trabalho funciona de uma forma magnífica.

Título em português.
Capa linda e romântica
Quando peguei o livro A Menina Que Não Sabia Ler, mais uma obra discutida no Clube do Livro, desse autor em questão, imaginei, a julgar pela capa, pelo início da história e pela inocência dos personagens, que o enredo seria tão romântico e, de certo modo, infantil, que nem sonhei que ele teria algum efeito no meu psicológico. Mas quer saber? Ele teve, sim, porque de romântico o livro não tem nada, e posso dizer que foi um dos mais surpreendentes e pirados que já li, e por isso, é claro, eu adorei, e até pesadelo tive enquanto lia o desenrolar da história.

Capa com título original em inglês:
Florence & Giles. Muito mais
sugestivo e assustador
Fechem os olhos por um momento e lembrem da pequena Noviça Rebelde, ou, se não é do seu tempo ou você não viu o filme, pense em qualquer menina que você adore, por ser do tipo encantadora que faz você ter o desejo de ser mãe (ou pai) só para tentar ter uma filha exatamente assim. Então, essa poderia ser descrita como sendo a personagem principal desse livro, a Florence, que de tão amável, supriu todas as carências do irmão, Giles, causadas pela ausência dos pais. Ambos moravam com um monte de empregados, em uma casa gigantesca, chamada Blithe, no fim do século XIX. Naquela época, as mulheres tinham o dever sagrado de se tornar boas amas do lar, por isso, e por outro motivo explicado ao longo do livro, o tio das crianças, que era o dono da casa imensa, impediu que Florence estudasse, por isso, ela não sabia ler. Mas de tão sedenta por aprender, ela acabou descobrindo a biblioteca da casa, aprendeu a ler sozinha, e criou estratégias para "devorar" os livros bem escondidinha, para que ninguém nem sonhasse que ela o fazia. Isolada do mundo, especialmente depois que o irmão foi mandado para um internato, Florence descontava todas as suas emoções e preocupações na leitura. E o único contato com o mundo externo que ela podia ter era a amizade com um vizinho, Theo, a quem, mais tarde, Florence acabou se afeiçoando. Devido a alguns problemas que não ficaram muito claros no livro, aliás falta de clareza em algumas partes foi o ponto fraco do autor, Giles, o caçula querido, acabou voltando para casa, o que proporcionou a Florence a conquista de sua amada vida de volta. Mas que também trouxe um desgosto terrível para a possessiva Florence: a contratação de uma tutora particular de tempo integral para Giles. A partir daí, coisas misteriosas começam a acontecer, e a história toma uma proporção totalmente diferente da que se imagina no início.
Outra capa em inglês,
e repito a legenda da imagem acima:
Assustador!

Uma leitura que tira suas ideias de órbita, pois você, com certeza, vai questionar se tudo o que Florence narra, já que é uma descrição em primeira pessoa, é verdade ou se é coisa da cabeça dela, de tanta história que a menina já leu, e que acaba encucando você também. Além disso, um conselho: não leia a história à noite, enquanto você estiver sozinho em casa, pois, sem dúvida, você vai sentir uns arrepios na nunca, tamanho é o suspense. Gostei muito da obra. Só deixou a desejar no quesito clareza, como já falei. E (como posso dizer isso sem contar o final?) decepcionou um pouco no desfecho. Mas vale a leitura, e um dia vou repetir a dose.

Minha Nota: 8,0

Resenha Crítica: 3096 Dias

O mundo inteiro ficou ciente de um dos sequestros mais longos e chocantes da história. Estou falando do caso da menina que foi raptada aos dez anos e ficou em cativeiro por mais de oito, período em que foi submetida a quase todo tipo de violência física e psicológica.

Sinopse: Natascha Kampusch estava saindo de casa em direção à escola em um dia normal, quando foi raptada por um desconhecido, em plena luz do dia, num trecho aparentemente seguro próximo de casa. Foi na época em que Natascha começara a ir sozinha à escola, pois tinha recebido a permissão da mãe, o que seria o símbolo de sua maturidade. Mas Natascha estava bem preocupada com tantos casos de sequestro, violência sexual e assassinato contra crianças de sua idade, aos quais assistia pela televisão, embora ela mesma nunca se visse enquadrada ao estilo de meninas selecionadas para serem sequestradas. Então, apesar de sua tranquilidade por não ser o tipo comumente escolhido dos sequestradores, estava com um pé atrás, afinal, nesse mundo doido, quem poderia se dizer 100% seguro, não é mesmo? Mesmo assim, aproveitou sua "liberdade" e foi feliz para a escola, naquele dia fatídico, e uma caminhada tranquila de quinze minutos, entre o lar e a escola, tornou-se o início de uma vida que ela jamais havia incluído nem imaginado em seus planos.

Quando Natascha foi sequestrada, já estava vivenciando um período bem complicado de sua vida. Com problemas familiares bastante dramáticos: uma mãe intolerante, que não media suas palavras, nem sua força. Depois no cativeiro, um pequeno cubículo úmido, sujo e sem ventilação nem iluminação, cercado por uma grossa parede, bem escondida embaixo da casa, a pequena vítima tentava se conformar, acreditando que o sequestro, de certa forma, poderia ter sido uma solução para seus problemas, por mais paradoxal que isso possa parecer. Foi, certamente, uma tentativa desesperada pela sobrevivência. Apesar de o sequestrador, Wolfgang Priklopil, posteriormente ter permitido que Natascha saísse do cativeiro, não houve, de forma alguma, uma amenização de seu sofrimento, pois, à medida que o tempo passava e Natascha crescia, Priklopil aumentava sua agressividade e passava a machucá-la e exigir obediência com cada vez mais fúria, obsessão e descontrole.

Acredito que Natascha foi muito forte, pela maneira como se mostrou nos documentários e entrevistas que concedeu. O livro detalhou tudo o que passou no cativeiro, mas o leitor, por mais empático ao caso, não pode imaginar de fato o que se passou com ela, tamanha foi a violência por que passou. Um dos pontos que declara várias vezes em seu livro, 3096 Dias, foi que estava cansada de todos à sua volta insistirem em dizer que ela estava com um típico caso de Síndrome de Estocolmo, já que tentou justificar, em determinados momentos, a atitude de Priklopil. Afinal, como não adquirir determinada simpatia pela única pessoa com quem teve contato durante oito anos? Segundo seu relato no livro, ela nunca perdeu a consciência do que estava acontecendo com ela, pois relatava em um diário cada abuso que sofria.

O fim disso, todos conhecem: Natascha conseguiu fugir, em agosto de 2006, e o sequestrador se matou. Embora o livro relate que Natascha tenha se sentido aliviada com a morte de Priklopil, em uma matéria do G1, há a informação de que a polícia afirmou que ela chorou muito quando soube da morte de seu sequestrador.

Crítica: Se realmente foi Natascha que escreveu o relato, não sei dizer, pois teve a colaboração de duas escritoras, mas é, com certeza, um livro que vale a pena conhecer. Não simplesmente para matar a curiosidade, mas também para entender o que pode acontecer na mente do ser humano quando submetido aos mais violentos ataques contra a carne e o psicológico. Natascha passou um bom tempo lendo em seu cativeiro, o que, certamente a ajudou a adquirir uma boa escrita. Mesmo assim, o que mais chama a atenção não é a forma como ela relatou, mas sim a maneira magnífica que enfrentou seus piores terrores, com força, com esperança e uma maturidade que ela não teve chance de aprender com os outros, mas sozinha, com sua própria coragem.

Minha Nota: 9,0
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